A evasão é um dos maiores problemas da educação no Brasil e no mundo. É algo complexo, até mesmo para ser analisado, porque deve considerar as diferentes instâncias onde ela ocorre. E isso praticamente não tem fim.
Há a evasão do sistema educacional, quando o aluno interrompe seus estudos para se dedicar a outras atividades. Há a evasão da instituição, quando o aluno sai de uma IES, transferindo-se para outra, mas continua seus estudos na graduação. Há a evasão do curso, quando o aluno vai para outro curso da mesma IES. Há também a evasão da disciplina, quando o aluno tranca sua matrícula numa determinada unidade curricular, dedicando-se ao estudo das demais unidades do mesmo curso. Há a evasão da aula ou da atividade de aprendizagem, quando o aluno retira-se da sala ou fecha a câmera do computador e simplesmente desvia sua atenção para outras mídias, outras atividades. Há evasão até mesmo no processo de captação de alunos, pois perdemos vários ao longo do funil de captação. São visitantes do site que não deixam informações de contato, interessados com não fazem a inscrição no processo seletivo, inscritos que não aparecem no dia da prova, aprovados que não fazem a matrícula, matriculados que saem, do sistema, da instituição, do curso, da disciplina, da aula, num ciclo intuitivo de avaliação quanto ao valor percebido pelo aluno.
Mas a evasão não ocorre apenas quando os benefícios percebidos pelo aluno são inferiores do que os custos que ele assume por frequentar o sistema universitário. Às vezes o aluno reconhece os benefícios e o devido valor da graduação, mas não consegue pagar a mensalidade. E, em muitos casos, os custos nem envolvem um valor de mensalidade, mas mesmo assim, não podem ser assumidos pelo aluno.
Às vezes e, não raro, a evasão é de modalidade. O aluno sai da presencial e vai para o EaD, talvez por ser mais barato ou por estar cansado do esforço no deslocamento para espaço físico onde o curso acontece, ou por sentir que terá mais controle sobre o tempo de estudo e aprendizagem, e talvez por tudo isso. E quando a mudança é da EaD para a presencial? Dificuldades de adaptação à metodologia de aprendizagem ou para superar o que para ele é percebido como barreira tecnológica, ou por perceber que pode se comprometer mais com os estudos se frequentar um espaço coletivo de aprendizagem, organizado por uma estrutura formal e com uma ideia clara de processo e evolução, ou por sentir que teria mais oportunidades de aprendizagem com professores e colegas de turma, que formaria, de modo mais consistente, laços de amizade e contatos importantes para a carreira...
Tudo isso deve ser considerado e medido. E é preciso entender que, a despeito da relevância das medições que consideram dados gerais do sistema educacional, estas devem servir para uma compreensão do problema da evasão e das conquistas da IES. Mas nunca como referenciais para o estabelecimento de metas.
Meta para evasão, a não ser em casos especiais, é a mais próxima do número zero, sempre. E assim a meta perde o sentido. A meta seria: Perder nenhum aluno, ou seja, algo praticamente impossível se considerarmos a complexidade das relações e das circunstâncias próprias de um longo e intenso processo de relacionamento entre a instituição universitária e o aluno.
E aí? O que fazer? E como fazer para analisar e agir sobre o problema da evasão?
No dia 9 de junho vamos conduzir um workshop para traçar uma linha de entendimento e ação sobre a evasão e a gestão da permanência. Vamos entender como criar uma instituição voltada para a permanência de alunos e como implantar ações que podem fazer sentido para o sistema universitário de modo geral, para a sua IES, para o seu curso, sua aula, modalidade, dentre outras praticidades.
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