Wille Muriel - Diretor Executivo da Carta Consulta
A eficiência é frequentemente vista como um pilar essencial para o sucesso de uma organização, e isso não é diferente nas instituições educacionais. É comum observar gestores de Instituições de Ensino Superior (IES) comprometidos com ganhos de eficiência.
No entanto, quando essa busca por eficiência se torna obsessiva, surge a ideia de que a inovação não faz parte da estratégia, o que pode ser perigoso para a sobrevivência das instituições de ensino superior em um contexto onde a inovação é essencial para criar novos caminhos.
A ênfase na otimização de processos, redução de custos e maximização da produtividade é necessária, mas não pode prevalecer o tempo todo, pois pode sufocar a criatividade e limitar a capacidade da organização de experimentar e explorar novas ideias.
Quando a eficiência domina a cultura organizacional, a tolerância ao risco tende a diminuir. Os profissionais se tornam mais relutantes em tentar novas abordagens, preferindo seguir práticas comprovadas que garantam resultados previsíveis. Isso pode levar a um ambiente onde a inovação é vista como uma distração ou um luxo, em vez de uma necessidade estratégica. Esse é um problema comum nas IES brasileiras.
Além disso, o foco excessivo na eficiência pode resultar em uma alocação rígida de recursos. Recursos financeiros e humanos são direcionados quase exclusivamente para atividades que aumentem a eficiência imediata, deixando pouco espaço para iniciativas experimentais ou projetos de pesquisa e desenvolvimento. Isso pode impedir a organização de identificar e aproveitar oportunidades emergentes que, embora incertas, poderiam gerar valor significativo no longo prazo.
A inovação, por sua natureza, requer uma certa dose de liberdade e flexibilidade. Ela prospera em ambientes onde há espaço para a experimentação, o fracasso e a repetição. Quando a eficiência é priorizada a qualquer custo e durante todo o tempo, as pessoas podem se sentir pressionadas a cumprir metas de curto prazo e KPIs específicos, em detrimento de pensar de maneira criativa e buscar soluções para a transformação dos processos, por exemplo... com inovações incrementais.
Na gestão de instituições de ensino superior, é crucial encontrar um equilíbrio entre eficiência e inovação. Essas organizações precisam reconhecer que, embora a eficiência traga benefícios claros, a inovação é o que impulsiona o crescimento sustentável e a adaptação em um mundo em constante mudança. Portanto, cultivar uma cultura que valorize tanto a eficiência quanto a inovação, criando espaços para a experimentação e celebrando os aprendizados advindos dos fracassos, é uma boa estratégia para alcançar melhores resultados. É importante também que a equipe reconheça que haverá um momento para a colheita. Não é errado equilibrar momentos de inovação real com ganhos futuros em alta escala.
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